Para alguém que sempre escreve num diário, está difícil de escrever com essa azia. Quando saio de casa sinto a azia e quando retorno ela passa. Sempre que saio de casa ela me acompanha, será que quem sai afinal é a azia?
Eu deveria escrever mais coisas, mas não consigo com essa azia. Acho melhor eu ir para casa para escrever; ou será que deixo a azia escrever por mim?
Tento deixar a azia escrever, mas como posso se ela sequer existe de verdade?
Eu queria escrever mais, apenas por escrever, eu gosto de escrever mas não sei muito o que dizer. Opa, acho que voltamos a escrever, e assim, escrevem mais um pouco.
Dois anos se passaram e o tema volta a ser você. Quando tentei te matar no ano passado acabei por me deixar morrer também. O irônico nisso é que uma morte real aconteceu logo em seguida a nossa conversa. Perdi alguém de quem sinto falta em sonho, quando acordo e quando pego o celular de manhã em busca de um bom dia. A coincidência de hoje é que li ontem antes de dormir a única coisa que consegui escrever sobre, e me pareceu pobre, não é como quando eu escrevo sobre você.
Fizemos um acordo, não escrever sobre você e não utilizar as nossas conversas para vender a literatura undergroungd que procuram de mim nas feiras, mas como estou numa experiência que me lembra você, eu só poderia utilizar-te como tema, quem sabe, uma última vez.
Eu escrevi que se ele morasse eu não saberia lidar com os segredos de família, e até que não foram tantos... uma bolada de dívidas deixadas versus uma bolada na minha conta bancária.
Até não me importo muito em saber o porquê, mas as vezes me pergunto como. E se isso sempre fez parte da minha vida e eu inocentemente fantasiei o contrário com base nas coisas que ele me ensinava. Agora já não pode me ensinar mais nada, assim como você. A sua morte tardia depois da morte real dele, e, por mais que eu minta, parece que eu sei lidar.
Foram 3 mortes em 3 anos sem contar com a minha e a de Benício. Logo em seguida, mais duas este ano, completando 7 missas de 7º dia que não foram registradas por falta de presença de minha parte. Tenho medo de me parecer com as pessoas mortas, e com isso, sigo sem saber quem sou e se estou viva.
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